domingo, 17 de abril de 2011

PROFESSORA MARIA GOMES - UMA AMIGA

TEXTO ESCRITO POR OCASIÃO DE SEU FALECIMENTO: 16/10/2006


                       Neste momento em que nós,valencianos,comemoramos os 150 anos de nossa cidade e,às vésperas da comemoração do dia dedicado aos mestres,volto meu olhar ao passado e às pessoas que,hoje,idosas ou já ausentes,participaram efetivamente do crescimento deste município.Entre elas está a professora MARIA GOMES RIBEIRO – mestra de tantos nós.E é à ela que faço,nesta edição,minha justa homenagem, reeditando um texto repleto de amor que escrevi há exatamente dez anos,no Rio de Janeiro,em 16 de outubro de 2006,dias após o seu prematuro falecimento.
                      À  bênção MARIA GOMES,guerreira armada com as armas da fé na educação de nossa juventude,inclusive aquela da qual fiz parte um dia.

                                      “ `A  MESTRA  COM CARINHO “

                             Nós costumávamos nos sentar nos bares,onde mal cabiam os desejos ocultos de cada um de nós.
                             Nós costumávamos nos entregar à noite,e à ela entregávamos os desejos escondidos de cada um de nós,amantes da madrugada...
                             Nos costumávamos ganhar as ruas,as praças,o céu e o “ilimite” de sermos jovens,quando,debaixo dos caracóis de nossos cabelos,já existiam cabeças pensantes e ávidas por novas mensagens.
                             Nós costumávamos estar abertos,receptivos,alegres,etílicos,mas envoltos numa seriedade difícil de entender pelos “ditos sóbrios”.
                             Debaixo de todas essas pseudo-irresponsabilidades da juventude,cada um de nós sempre carregou,dentro e fora de si,,um “velho” e responsável espírito pensante.
                             Era bom ser assim porque,na aparente alienação,éramos mais sérios do que sérios seriam os homens do poder se pudessem usufruir,como nós,dos bares,onde mal cabiam os desejos ocultos de todos nós –pretensos do amanhã, nascidos “há dez mil anos atrás”...
                             Era bom ser assim,porque,nas aparentes negativas,o espírito formado em criticidade,nos exigia,além do violão,além das noitadas e de todos os ares etílicos.
                             Dessa forma,o ensinado e o assimilado nos ajudava,no doloroso mistério de crescer.
                             Hoje,fico a me perguntar: quantas pessoas foram responsáveis por esse  “ espírito de ser” ?!!Fico pensando,ainda,quantas pessoas ausentes, eram levadas,por nós,às mesas daqueles bares!!!Quantos pedaços questionadores de nós,se faziam presentes?!!Porque,além de nossa sede,existiram,antes,as fontes que nos deram de beber...
                             Hoje,lembro,especificamente,de MARIA.Quem bebeu em suas fontes,vai entender porque escolho MARIA.A querida “DONA MARIA GOMES” que nos deixou,tão recentemente,nessa desagradável armadilha que me parou a respiração e me fez,em segundos,repassar a vida e compreender que,mais uma parte de minha estória,está indo embora.E,tudo isso,é de uma solidão tão grande,que,talvez,só os iniciados ou aqueles que se sentaram àquela época nos bares comigo,possam dimensionar.
                               Preciso,hoje,falar dessa MARIA,antes que o tempo passe e esconda o melhor dela: aquilo que ela foi em postura que ensinou.
                               MARIA não me disse o que era certo ou errado – MARIA me ajudou a aprender a discernir... E não é esse o papel do educador?!!!
                               A penúltima vez que estive com ela,lá,em Valença,cantamos,juntas,uma de suas composições.Vocês sabiam que ela também fazia música? - ...” Quando você vem que alegria,
                                                      A véspera já é felicidade.               
                                                      Quando você chega,meio à alegria,
                                                       Já começa a saudade.... “
                               A última vez,três dias antes dela nos deixar,apenas nos demos “adeus” – mãos abanadas e sorrisos cúmplices,tudo no ar...
                                Para quem não sabe,MARIA foi minha amiga e isso basta!!Foi,também,minha professora,orientadora,minha educadora!!Atravessou gerações (anos depois de mim,cuidou de meus sobrinhos), porque não se perdeu no tempo.Ao contrário,ganhou-se!MARIA ganhou-se!!Brigou,bravamente,frente a quatro pontes de safena.Não recuou.Atravessou as quatro,corajosamente...Mas,a morte a espreitava,à beira do riacho,sutil.Não houve jeito,ela se foi.Como diria o “Titi” (poeta, também de Valença), “morte é o limite do tempo do homem durar;tempo é o caminho da morte chegar.”
                                 MARIA,que os bons ventos a conduzam e que estes mesmos ventos,bons,alísios,com certeza,sempre a soprem nos quintais de nossos corações!!!
                                 Bom dia MARIA!!!!!

                                                   Jocely Aparecida Macedo da Rocha – Jô-

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